Iseli Reis é daquelas mulheres que não se deixa abater pelas dificuldades. Fundadora da Fleximedical, empresa que oferece soluções hospitalares sobre rodas, saiu da sua rotina em um escritório de arquitetura para encarar essa inovadora criação de soluções de saúde por meio de unidades móveis, como carretas, ônibus, vans e contêineres adaptados para atendimento hospitalar.
Seu ponto forte sempre foi enfrentar o desafio de ser uma mulher inovando em um ambiente de arquitetura hospitalar em meio a tantos rostos masculinos deste mercado.
Partindo dessa ideia, Iseli se dedicou a provar o seu conhecimento e a sua capacidade como empresária para ser respeitada. Por isso, além de sua área de atuação em arquitetura hospitalar, buscou se especializar num ambiente dominado por homens que são fábricas de produção e customização de caminhões e outros veículos como ônibus e vans. A empreendedora conta que decidiu seguir este caminho para provar que também sabia sobre assuntos vistos como “masculinos”, e assim, começaram a reconhecer a credibilidade que havia em suas ações.
Para o negócio se firmar e crescer, precisava alavancar sua startup alinhada ao seu propósito de cuidar. Além da importância desse serviço de saúde também como algo rentável, era preciso estar inserida dentro do ecossistema de negócios de impacto, das causas sociais, como a democratização do acesso à saúde.
Em 2015, a Fleximedical conseguiu a primeira grande parceria com o poder público, o que, de fato, fez com que a empresa mostrasse referência e prestígio para a área da saúde.
Neste embalo de felicidade e prosperidade, Iseli sofreu um baque: seu primo médico, idealizador da startup, Roberto Kikawa, foi assassinado em um assalto, fazendo com que ela deixasse de ser a cofundadora operacional e se tornasse a CEO da Fleximedical. A empreendedora relata que foi uma grande virada na empresa e em sua vida pessoal, continuando o legado que seu primo havia deixado e fortalecendo os seus valores.Neste novo papel, a executiva conquistou para a Fleximedical a certificação do Sistema B, a comunidade global de líderes que usam os seus negócios para a construção de um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para a sociedade e para o planeta. Além dessa conquista, a empresa começou a participar dos programas de aceleração e conquistar mais reconhecimento na área médica.
Com a pandemia, Iseli e sua equipe tiveram que dar conta de todo esse aumento de prestígio e, consequentemente, de trabalho para salvar vidas.
Conquistas e o desejo de inspirar
No último ano, diante do crescimento em mais de 200%, e o reconhecimento do seu trabalho bem-feito para a sociedade, Iseli ganhou o Prêmio Empreendedor Social do Ano, na categoria Mitigação de Impactos da Covid-19, pela Fundação Schwab, organização irmã do Fórum Econômico Mundial, em parceria com Folha de S. Paulo, consolidando a jornada de 10 anos que percorreu à frente da empresa.
Todavia, além do papel de empreendedora, Iseli também tem de lidar com o seu lado mãe, esposa e dona de casa, assim como é a rotina de muitas mulheres brasileiras, sem esquecer de si mesma. Para conseguir administrar todas essas funções, aprendeu a priorizar suas ações e envolver todas as esferas da sua vida no seu propósito.
“Eu nado três vezes por semana, este é o meu momento, é na verdade o único momento que ninguém vai me ligar no celular, afinal, estou na água”, diverte-se. “Encontrei um tempo para mim e que impacta em todo o resto, já que eu chego melhor disposta na empresa. Acabo pensando em várias questões que só consigo ali, quando estou na piscina. Outras vezes, simplesmente um tempo para não pensar em nada”, recomenda.
O propósito de Iseli é mudar o cenário da saúde por meio do acesso, inspirar e afirmar que outras mulheres também podem transformar a sociedade alinhando seus valores e propósitos pessoais ao seu trabalho. Mas, reforça a necessidade de não se cobrar tanto diante dos erros. “Eles vão acontecer e servir para aprendizado, crescimento e amadurecimento. Essa é a força feminina!”
