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11 mar

Startup liderada por mulher propõe solução digital para o agronegócio

Juliana Polizel é a co-fundadora da Pitaya Irrigação Eficiente, uma das startups selecionadas na primeira edição do TechStart Agro Digital

Apesar de o agronegócio ainda ser um ambiente bastante masculino, as mulheres têm ocupado cada vez mais postos de comando em empresas do setor. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), por exemplo, mostrou que as mulheres que atuam no agronegócio são responsáveis pela gestão de, no mínimo, 30% do segmento – muito acima do registrado na indústria (22%) e na área de tecnologia (20%).

Fazendo parte desta porcentagem está Juliana Polizel, engenheira ambiental que lidera hoje a Pitaya Irrigação Eficiente, uma das startups selecionadas na primeira edição do TechStart Agro Digital e a única do grupo, inclusive, que possui liderança feminina. Sediada em São Carlos (SP), a empresa trabalha no desenvolvimento de um sistema para manejo e controle automático de irrigação tendo como base o sensor Igstat para medição da umidade do solo – tecnologia que foi desenvolvido pela Embrapa Instrumentação e pela empresa Tecnicer.

Ainda em fase de finalização e validação, o produto promete ajudar agricultores a irrigar com mais eficiência, precisão e sustentabilidade, de modo a produzir mais com menos desperdícios, quando estiver no mercado. Ao controlar de forma eficiente o manejo de irrigação, a solução propõe resolver um grande problema de baixa produtividade gerada por excesso ou falta de água, reduzindo consequentemente o consumo de energia e regulando de maneira significativa o consumo de água.

“O sensor Igstat mede a umidade do solo em campo em tempo real, não sofrendo influência dos sais do solo”, explica Juliana. Ela destaca que os sensores serão geridos por um software e não deixarão de operar em casos de falta de sinal de internet. O Irriga Digital, como é chamado, deve ficar pronto em meados de 2020 e permitirá o monitoramento e controle da lavoura na palma da mão, garantindo que a irrigação seja feita na hora e quantidade certas.

Entre os investidores da startup há nomes como Embrapa, SENAI e USP. “Empreender é um grande desafio. Por isso, sempre buscamos parceiros que nos ajudem a tornar esse sonho real. Hoje, contamos com cerca de 700 mil reais em investimentos”, diz Juliana. Segundo a engenheira e co-fundadora da Pitaya, a sua jornada empreendedora passa pela sua missão de vida. “Questões relacionadas ao consumo de água mexem comigo desde criança. Precisamos valorizar nosso planeta e contar com tecnologias que nos auxiliam nisso. Esse é o propósito por traz da Pitaya e é o que me motiva”, finaliza.

 

TechStart Agro Digital, o programa de aceleração focado em geração de conhecimento e tecnologia para a agropecuária

O TechStart Agro Digital é um programa de aceleração criado pela Embrapa e pela Venture Hub®, com apoio da Anprotec, para ajudar startups, grandes empresas e instituições a acelerarem negócios e tecnologias para o agronegócio. O Demo Day da primeira edição aconteceu no dia 13 de fevereiro, em Campinas (SP), e contou com a participação de 11 startups – entre elas, a Pitaya Irrigação Eficiente – que demonstraram soluções digitais voltadas ao setor do agronegócio para um público de investidores, empresas, empreendedores e especialistas.

Iniciado em setembro do ano passado, o TechStart Agro Digital atraiu o interesse de pelo menos 96 startups de 20 estados brasileiros. O ciclo de aceleração seguiu um cronograma de 21 semanas, que incluiu etapas de mentorias e treinamentos visando apoiar as startups no teste e validação de produtos, na avaliação do posicionamento de mercado, em formas de operação e projeções financeiras, além de contribuir para o aperfeiçoamento do modelo de negócios e promover o relacionamento com investidores para alavancar as novas tecnologias.

A engenheira agrônoma e especialista em geoestatística, Célia Grego, foi uma das mentoras do programa e contou um pouco mais sobre a experiência. “Tive o prazer de orientar a Inceres, startup focada na agricultura de precisão, que é também a minha área de atuação. Portanto, o meu papel foi aproximar a Inceres do que é desenvolvido hoje pela Embrapa, bem como ver como poderíamos colaborar de forma mútua. A partir do programa, a ideia é transferirmos todo este conhecimento aos produtores rurais”, detalha.

Sobre o papel da mulher no agronegócio, Célia comenta que tem percebido uma abertura cada vez maior para a figura feminina. “Nosso papel tende a se fortalecer cada vez mais na agricultura como um todo. Descontruir o rótulo de que esse não é lugar de mulher é o primeiro passo pra isso”, finaliza.

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adriana roma